[Review] American Horror Story: Asylum S02E07 - Dark Cousin
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O sofrimento inerente a todas aquelas almas que compõe o Briarcliff
foi o responsável pela visita mais do que especial de uma entidade, que
figura desde já, como a personagem mais apaixonante deste fantástico
universo. A chegada do “Anjo da Morte” ou Shachath, em hebraico, nos presenteou com as mais belas sequências até aqui, e toda essa euforia deve ser creditada a sensacional Frances Conroy (a Moira da temporada passada). Se já não bastasse Lily Rabe, Jessica Lange e Sarah Paulson,
ganhamos mais um elemento feminino que roubou todas as cenas e ainda
dividiu as melhores com suas três companheiras. Foi um show, na verdade,
foi a mais pura arte acontecendo diante dos nossos olhos.
Grace
abriu o episódio em péssimo estado, a histerectomia pela qual passou a
deixou destruída. Agonizando, ela desejou a morte, e na doce forma de
uma senhora vestida de preto, ela veio. Mais do que uma alegoria, a
presença do anjo fez todo sentido na mitologia criada para Asylum,
e o trunfo da série é que assim como em seu primeiro ano, ela não
precisa perder tempo explicando origens enfadonhas e tomando um tempo
desnecessário para que possamos entender o que está acontecendo. Imagens
falam mais que qualquer coisa, se o encontro protagonizado por Grace
foi meio confuso para quem não estava esperando. A cena em que um
interno esquizofrênico tenta suicídio deixou bem claro como a presença
da Morte seria abordada.
O estado de Grace deixou Dr. Arden em choque, afinal, ele não foi o responsável pela cirurgia, embora não seja isso o que Sister
Mary Eunice acha. A freira possuída chegou onde queria, e mesmo não
fazendo ideia de quais são os seus planos, eu continuo hipnotizado por
tudo o que ela faz. Demonstrando de forma sucinta (ou não) quem está no
comando, ela provou a Arden que ele não deve temer apenas as suas
chantagens, mas também a entidade que domina Sister Mary Eunice, que se mostrou temerosa pela primeira vez. A presença de um anjo puro no Briarcliff muda
o jogo para ela, e a cena em que alma da irmã clama pelo beijo final
foi de arrepiar. Mal posso esperar pelo reencontro prometido pela Morte.
A
tortura física e psicológica pela qual Lana já passou foi a deixa para
ela desistir de tudo. E lá estava a Morte, com uma reconfortante
conversa. O desespero pode nos levar ao desejo final, mas a jornalista
teve medo e abriu mão do conforto oferecido. Talvez esse receio tenha
sido a melhor arma no momento, pois Lana tentou, e dessa vez conseguiu
fugir das garras de Thredson. O psicopata se mostra cada vez mais
insano, e é impossível prever seus atos. Fiquei com a impressão de que,
no final de tudo, Lana sempre foi apenas mais uma vítima. Sem nenhuma
sorte ela consegue fugir, mas fica novamente a mercê de um indivíduo
descontrolado. A cena no carro foi tensa, e na presença do anjo, um
toque de mestre, levando Lana ao começo de tudo: seu sombrio quarto no Briarcliff.
No entanto, o melhor seguimento do episódio ficou guardado para Sister Jude. Com a atuação monstruosa de Jessica Lange, é impossível não se pegar sofrendo junto a ela. Um dos pontos que mais gostei foi o fato de Sister
Mary Eunice não negar ou se revelar como o demônio para ela. As duas
forças motrizes dessa hora foram tão ambíguas que a cada momento eu
ficava mais e mais encantado. Sister Mary Eunice deixou as armas prontas para que Jude tomasse a decisão certa na sua miserável vida (aquele flash no banheiro me deixou atônito), mas foi a figura do Shachath que lhe apontou o caminho certo.
Duas velhas amigas conversando no café. Tem como expressar a sensação de deslumbre diante da felicidade de Sister
Jude ao ver a Morte lhe esperando na mesa? Aquele foi o terceiro
encontro das duas, e fiquei tocado quando percebi que o sofrimento de
uma alma foi comparado a uma canção. Se outras vezes Sister
Jude cantou por pura covardia (mesmo tendo esperança em seu coração),
sua melodia agora buscava apenas paz. Sua amiga deixou bem claro que ela
estaria ali para lhe dar o que desejava, mas a menção da missão que lhe
foi designada estimulou Jude a buscar o perdão.
Desde o começo, a “morte” da pequena Missy foi o demônio que mais consumiu Sister
Jude. Os detalhes foram tão incríveis, que nunca percebemos que a todo o
momento se falava em atropelamento, mas o termo “morte” só foi dito
pela entidade ao ler a irmã no exorcismo. Descobrir que, na verdade,
Missy está viva, muda tudo para freira, e tenho quase certeza de que a
partir daquele encontro ela vai ser outra e lutar contra os verdadeiros
monstros que habitam o Briarcliff.
A
fuga de Kit não me surpreendeu nem um pouco. Fiquei feliz por ele ter
tentado salvar Grace, apesar de toda a falta de senso nos seus atos.
Custava esperar a noite ou algo do tipo? Mesmo pela manhã, ele foi
perseguido por um dos monstros de Arden (que de uma forma estranha,
esteve mais humano essa semana). Grace se sacrificou pelo seu amado e se
absteve de todo o seu sofrimento. O sensível beijo dado pela morte
levou um personagem querido, e por mais estranho que pareça, não me
senti triste.
Mesmo dando continuidade a sua trama de horror, Asylum
fez o seu episódio mais sensível e, por isso mesmo, mais acolhedor.
Afinal, se a morte é a única certeza que temos, que ela seja tudo, menos
assustadora.
P.S.: Sister Mary Eunice já sabia da identidade de Thredson. Semana que vem ele volta ao Briarcliff, anotem o que eu estou dizendo.
P.S.2: Quando Frances Conroy volta mesmo? Titia, bota a senhora no elenco fixo já!