[Review] Bates Motel 1x01 - First You Dream, Then You Die
As bases do Complexo de Édipo.
http://siteloggado.blogspot.com/2013/03/review-bates-motel-1x01-first-you-dream.html
Eu
sou desses que costumam criar expectativas com um piloto seja quando são
anunciados os produtores envolvidos, ou mesmo os atores que encabeçaram o
projeto. Com Bates Motel, essa
ansiedade se deu pela soma de três motivos distintos: seria a primeira série do
Carlton Cuse depois de Lost, teríamos Vera Farmiga como a atriz principal e claro, a série funcionaria
como um “prequel” para Psicose a.k.a. um dos filmes que ditou os primórdios do gênero suspense. Quem
acompanhou o desenrolar da produção desde o começo, sabia que certas liberdades
(leia-se atualização da história) iriam ser tomadas, porém mesmo assim essa
linha gerou desconforto em quem esperava uma ambientação sessentista,
felizmente não foi o meu caso.
Quando falamos em psicopatas na
TV norte-americana, vários exemplos atuais surgem. Alguns com um tom mais
modernizado (Dexter), outros mais
clássicos (Criminal Minds) e aquelas
bombas do gênero (The Following).
Desta forma, Bates Motel surge
essencialmente para acrescentar uma ponta na lista, afinal mais do que uma
história de origem, eu enxerguei um exercício de construção e desconstrução de
personagens, falo respectivamente de Norma Bates e seu filho Norman. O conto da
mãe superprotetora que no final é responsável pela destruição mental do filho
não é nenhuma novidade, mas quando ele surge velado por um bom roteiro, é
sempre prazeroso de se assistir.
Assim, chegando a cidadezinha de White Pine Bay com o intuito de recomeçar a vida depois de uma trágica
perda, mãe e filho começam a se adaptar a uma nova realidade que de cara se
mostra bem inesperada aos seus costumes. A princípio é notável a preocupação de
Norma em criar um ambiente onde o filho se sinta bem e aqui eu elogio pela
primeira vez o trabalho do ator Freddie
Highmore ao compor um Norman Bates que nem de longe remete ao monstro do
futuro, pois no menor dos atos como o primeiro encontro com suas colegas de
turma na parada de ônibus é a inocência do rapaz que conseguimos ver.
Sem pressa e
sutilmente, vamos descobrindo as particularidades de Norma, como a
personalidade controladora e manipuladora na cena do jantar. E é Vera Farmiga o destaque desse piloto. A
presença da atriz é magnética. Você enxerga uma mulher forte e egoísta para
logo depois se sentir mal com a fragilidade da mesma na cena do estupro. O
primeiro homicídio visto na série foi mais pesado do que eu esperava e só somou
o que já ia bem. Particularmente o segundo ato do piloto fez jus ao gênero da
série, pois mesmo as cenas de suspense soando clichés (a batida policial, por
exemplo) em nenhum momento eu deixei de ficar apreensivo.
Outro ponto a se destacar é a
sensação de que a cidade escolhida pelos Bates esconde mais segredos do que
eles. A ressalva aqui vai para personagens como a garota com fibrose cística, a
incomoda suspeita do policial e até mesmo o antigo dono do hotel. Isso me
anima, pois sabemos que temos de ter mais do que a relação entre Norma e Norman
para levar nove episódios pela frente. São subtramas bem desenvolvidas que
garantem a longevidade de produções ambiciosas.
Ao fim do episódio, eu já estava
conectado com a essência da história e isso se deve ao cuidado com homenagens,
referências e escolhas inteligentes. Não notei pretensão ou algo que valesse
diminuir o que vimos em tela, por isso mesmo eu já deixei claro que minhas
expectativas foram atendidas. Uma história sobre o amor doentio de uma mãe que transformou
o filho por achar que o mundo não o merecia, já seria o bastante para ter a sua
atenção, mas talvez um Édipo com horror seja ainda mais chamativo ou original,
portanto estaremos acompanhando.
P.S.: A caracterização dos Bates frente a época em que vivem tornou
os personagens mais bizarros e por isso mesmo interessantes de se acompanhar.